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Awareness


A ideia de awareness é simples e complexa em simultâneo: é simples enquanto movimento natural do organismo ao entrar em contato através da experiência, e complexa, pois envolve a totalidade de processos do ser.

A awareness é um processo e só pode ser observada no transcorrer do fenômeno. É, na verdade, um modo de experienciar as situações que se apresentam ao indivíduo de modo mais completo e vivido.

Quando o indivíduo experimenta algo, há uma série de processos que ocorrem para que ele possa chegar a awareness e assim talvez satisfazer a necessidade que originou o contato. E para compreendermos como se dá tal processo, é preciso compreender os processos organísmicos.

Sempre que o indivíduo sente necessidade de algo, emerge uma figura, com um fundo característico. Esta necessidade parece–nos estar sempre ligada ao processo de auto–regulação organísmica, que busca conservar, equilibrar, atualizar e desenvolver o organismo. Tal fenômeno, propicia o aparecimento de certas figuras, que quando exploradas e sentidas na sua totalidade, levam o indivíduo a buscar suprir a necessidade que tenha surgido.

A qualidade da experiência do indivíduo esta diretamente relacionada com o processo de percepção e atenção empregadas no contato (perceber e dirigir a atenção ao percebido, com o intuito de explorá–lo e conhecê–lo). Este é um processo, com fundamental importância na conscientização do que esta acontecendo com o indivíduo num determinado momento, o que o indivíduo percebe através das funções de contato configura sua realidade situacional. Logo, define sua percepção da realidade, assim como sua forma de agir no mundo.

Se o sujeito percebe com um alto nível de atenção, o contato tende a ser pleno. Mas se do contrário estiver com a atenção diminuída por não estar no aqui e agora, há uma tendência a não conseguir fechar ou acabar a Gestalt de modo satisfatório, e em outro momento é provável que essa situação torne–se figura novamente. E esta situação “inacabada” pode ficar emergindo a todo momento, buscando resolução. Isto porque ao não reconhecer a necessidade adequadamente não pode agir na busca de sua satisfação.

Deste modo, perceber e atentar ao percebido torna–se fundamental para o estabelecimento do contato, e este, para se chegar a conscientização que nos leva a possibilidade de satisfação da necessidade enquanto organismos.

Conscientizar–se de algo só é possível aqui e agora. Isto porque conscientizar–se implica em perceber, e só se pode perceber no agora. De outro modo, estaríamos falando em fantasia (lembrar, imaginar algo que houve ou que irá ocorrer).

Sempre que uma “gestalt” emerge via um processo de autorregulação, ela pode ter ficado inacabada no passado, mas é no presente (agora) que ela é percebida e sentida. Também quando o indivíduo está ansioso com o futuro, sua ansiedade é sentida (aqui) no presente, pois o futuro ainda não existe concretamente. Ou seja, o passado e futuro são relativos, o presente é concreto, e real.

Isto não significa dizer que passado e futuro não tem sua importância, mas que eles só tem significado no presente, no aqui e agora.

Parece-nos que quando o indivíduo íntegra o passado e futuro ao presente, este pode tomar contato com suas necessidades e expectativas, e partir na direção de sua satisfação.

Deste modo, estar no presente significa estar inteiro, completo, no aqui e agora.

Quando surge uma necessidade organísmica, o indivíduo pode “mobilizar energia” para agir em busca da satisfação dessa necessidade.

Como já nos referimos, parece-nos que a satisfação de necessidade é um movimento natural do organismo e este buscará sempre o equilíbrio, utilizando-se dos meios que têm disponíveis para isto.

Quando no conjunto de necessidades uma se sobressai e vira figura, o organismo busca satisfazê–la de algum modo. Na verdade, há sempre um conjunto de necessidades que surgem ao indivíduo, este seleciona e busca satisfazê-las segundo as prioridades do organismo e atendendo a uma hierarquia da mais importante para a menos importante.

Se o indivíduo não puder então satisfazer a necessidade que emerge como figura, o organismo procurará agir buscando equilibrar–se. Mesmo que para isto precise criar ou desenvolver um mecanismo neurótico[1], que implicaria no rompimento do ciclo de contato e possível cristalização destes mecanismos.

Quanto mais energia for mobilizada, maior será o esforço do organismo na busca da equilibração.

Percebemos, que o indivíduo, quando se conscientiza de suas necessidades, tende a ir em busca de sua satisfação. E que do contrário, o que se estabelece é uma tensão organísmica, onde a energia usada para a equilibração torna–se insuficiente para conter e regular a explosão em busca da satisfação da necessidade. Tal fato ocorre porque o indivíduo não conseguiu, por alguma razão, tomar contato com sua necessidade emergente e satisfazê–la adequadamente.

Isto não significa dizer que o organismo deve fazer contato e satisfazer todas as necessidades que surjam. Na verdade, vemos que o organismo seleciona suas necessidades. Estas necessidades que se tornam figuras, são aquelas que o indivíduo consegue perceber e satisfazer.

Através da auto–regulação o organismo se administra e torna-se capaz de se adequar criativamente às mais variadas situações. Auto–regular significa, auto–gerenciar, conseguir selecionar, avaliar e satisfazer suas necessidades buscando o equilíbrio.

Estar ligado (Aware), é fundamental nos contatos que o indivíduo estabelece. Esta consciência permite que o indivíduo perceba, avalie, e aja rumo a satisfação da necessidade que emerge ou diferencie o que não é necessário ao organismo, podendo então, dirigir suas energias para outras figuras emergentes.

Quando o indivíduo age, ele direciona sua energia mobilizada na direção de um objetivo. Se a figura elegida não for percebida e avaliada adequadamente, a energia e o objetivo elegidos tendem a não alcançar uma resolução adequada, pois não condizem com a realidade, deixando assim a situação inacabada. Tal fato pode favorecer o aparecimento de uma atitude não adequada com a situação em questão.

Se o indivíduo se conscientizar de suas sensações e sentimentos (figura), ele poderá reagir buscando a satisfação de suas necessidades.

A satisfação de uma necessidade é um momento pleno, onde há uma resolução e fechamento da gestalt. A figura pode retornar ao fundo característico, dando lugar a outra necessidade que se sobressai e se torna figura.

Inicia–se então um novo ciclo de contato, que logo voltará ao fundo dando lugar a outra figura, e assim outro ciclo de contato se inicia, onde a awareness é essencial para a fluidez desse processo que só tem fim com a morte do organismo.

O indivíduo está sempre, de um modo ou outro, em contato com o meio. O meio é o campo onde o indivíduo pode ser e existir, deste modo o meio é o local onde o contato é possível.

Se é no meio que o contato é possível e a awareness é dada pela qualidade deste contato, podemos dizer que a conscientização se dá na relação que o indivíduo estabelece com o meio.

O modo como o indivíduo percebe, dirige atenção e avalia o meio, configuram a sua realidade.

O processo da awareness é essencial para a autonomia do sujeito. Ela oportuniza o contato com as necessidades que o organismo sente no transcorrer de sua vida, permite a avaliação de como satisfazer, e ainda se, satisfazer sua necessidade é o que o indivíduo quer ou necessita num determinado momento.

Deste modo, a autonomia pode ser vista como um processo integrativo que envolve a totalidade do indivíduo, o modo como ele (indivíduo) se conscientiza de seu movimento organísmico e como se posiciona em relação ao meio.

A awareness do indivíduo, dentro do que discorremos, torna–se fundamental, sendo que, sem ela, o organismo pode entrar em um movimento confuso de despersonalização, já que pode não reconhecer suas próprias necessidades.

Então, estar consciente ou aware, é fundamental para os indivíduos poderem satisfazer suas necessidades e se reconhecer no que fazem, portanto, mais inteiros.

Integrar as diversas partes do eu, é necessário para o estabelecimento da autonomia do indivíduo e para isto a awareness dos processos organísmicos é essencial.

Sendo assim, podemos perceber a awareness como uma propriedade fundamental no contato que transcende os processos funcionais do organismo, podendo ser considerada um modo de experienciar as situações que se apresentam, um modo de fazer contato e de estar no aqui e agora.

[1] Esses mecanismos funcionam evitando/interrompendo o contato adequado com a realidade e com isso a pessoa não vivencia completamente a situação, o que a impossibilita de oferecer uma resposta adequada, e o sujeito não satisfaz a necessidade motivo de seu envolvimento na situação. Sempre que não a satisfação na situação, ela tende a ficar inacabada (aberta) e retorna continuamente como figura buscando resolução e retorna ao fundo indiferenciado, num ciclo infinito até que seja satisfeita.

 
 
 

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João André Rodrigues
Psicoteraputa
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