
Em nossa sociedade amadurecer é sinônimo de endurecer, pois é esperado que, quando atingimos certa idade na escala cronológica em nossa existência, certos comportamentos, os quais são classificados, como de alguém “maduro” se instalem.
Espera-se que ao amadurecer sejamos sóbrios, responsáveis e com uma tolerância maior ao sofrimento. Diferentemente de uma criança que é espontânea, aberta e sofre sem reservas sempre que algo ou alguém lhe impõem um dissabor.
Isto nos remete a um conflito lógico: se ser maduro é deixar de ser criança, ao deixar de ser criança abandonamos suas características e passamos a nos controlar, enrijecer e esconder nosso sofrimento.
Parece um problema intransponível, pois ser adulto nos remete em abandonar ou trancar “nossa criança”. Você já deve ter visto como age uma criança quando se sente abandonada ou trancada. Bem, se você for pai ou mãe, deve estar visualizando choro, gritos, comportamentos intensos e variados em busca de liberdade, seja do que for!
Isto acontece, pois a criança não tem os mecanismos que o “adulto” desenvolveu para deixar de ser criança, isto será desenvolvido nas relações que a criança irá estabelecer com pais, familiares, etc., até que um dia ela acorda e se vê presa “por dentro”. É como se ela coabitasse com modelos de adultos introjetados e estes lhe são tão severos que ela começa a abdicar de sua espontaneidade, irreverência e seu mecanismo de autorrealização deixa de ser simples, e desenvolve uma lógica complexa e cheias de variáveis e interveniências.
Passa então a ser um adulto cheio de conflitos, medos, raivas e ávido por liberdade. Logicamente cria defesas que o proteja destas emoções, pois estas lhes mostrariam como está no “caminho errado”, ou seja, distante de quem é realmente.
Poderíamos dizer que a grande maioria, se não todos os conflitos psicológicos, relativamente duradouros, poderiam ser amenizados ou mesmo erradicados de nossa existência se buscássemos ser como as crianças. Elas são diretas, não escondem o que sentem e falam o que querem, não precisam de subterfúgios para ser e estar no mundo, dependem dos pais e sabem disso não precisando demonstrar uma autossuficiência de que não dispõem.
Sendo assim, olhemos para nossas “crianças” interiores e exteriores buscando dar-lhes espaço de manifestação no cotidiano, amem-nas e respeitem-nas, assim talvez poderemos construir um mundo sem guerras, fome e ignorância, pois são os adultos e não as crianças que transformaram nosso planeta no que é hoje.
Você está satisfeito com o que esta vendo? EU não!
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