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Você tem medo de que?

Foto do escritor: João André RodriguesJoão André Rodrigues

Uma das características fundamentais á sobrevivência da espécie humana, é o medo.

O medo muito provavelmente tenha sido desenvolvido como forma de nos protegermos dos perigos que viemos enfrentando desde os primeiros estágios do que hoje é o HOMO SAPIENS, ou seja, como somos hoje: “homens sábios”.


Gostaria de fazer um exercício de reflexão e para isso vamos buscar na biologia básica um conceito fundamental das células, que é a irritabilidade ou excitabilidade, que é a capacidade de uma célula responder a estímulos intra ou extra celular.


A irritabilidade passa a ser então uma propriedade da célula que á torna apta a responder aos estímulos. É uma propriedade que podemos verificar em diversos tipos de células no organismo. E aqui começa nossa reflexão!


O medo é uma resposta do organismo a um estímulo que é percebido como perigoso e pede uma resposta de proteção. Assim como a célula que se contrai ao ser perfurada por uma haste, sim, a célula tenta se afastar do estímulo, no caso a haste que tenta perfurá-la! 

 

Então o medo seria uma resposta a este estímulo que é ameaçador, porem temos um componente vital a incluir em nossa reflexão, a consciência. Esta capacidade que como organismo complexo o Homo sapiens tem desenvolvido e que em alguma medida nos diferencia dos demais organismos complexos, pelo menos até o momento.

 

O medo é então, o resultado de um complexo sistema de respostas a situações e normalmente desencadeia duas repostas principais do organismo, uma é de fuga já que a pessoa não percebe em si a capacidade de interagir com a situação ameaçadora sem ameaçar sua integridade e equilíbrio biopsicossocial. A outra é de ataque/enfrentamento onde a pessoa ataca a situação problema visando afastá-la ou destruí-la e com isso eliminar a ameaça a sua integridade e equilíbrio biopsicossocial.


Ambas tem a função de proteger a integridade da pessoa e estão diretamente ligadas a sobrevivência da espécie, podemos encontrar este comportamento em diversas espécies de organismos complexos.


Por ser um comportamento ligado a sobrevivência, é naturalmente levado a um nível de automatização de respostas básicas e rápidas do organismo, onde tende a receber pouca influência das funções “superiores do organismo” e tendo assim, pouca oposição em sua execução/resposta a situações perigosas a integridade do organismo. Ou seja, o organismo entende que pensar pode colocá-lo em perigo já que a situação perigosa exige uma resposta rápida de ataque ou fuga. 


O medo desencadeia um impulso que fica em um nível de baixa consciência, pelo menos para a maioria de nós, e isso é uma das principais dificuldades em lidar com medos. Ele fica em um nível de consciência conhecido como inconsciente  e com isso não queremos dizer que ele não pode ser acessado, somente que esta pouco iluminado pela consciência.  De forma geral, refletimos muito pouco sobre como funcionamos diante das situações e normalmente pensamos não conseguirmos agir diferente*.  


Então, como tornar consciente algo que esta no “inconsciente” e que tem uma função de proteger o organismo dos perigos do ambiente, e que por isso, tem uma complexa cadeia de interações neurais e que deve ser automática por natureza, pois o tempo de reação é vital para a sobrevivência do organismo.


A questão é que muitos dos perigos que desencadearam a necessidade de desenvolvimento desses impulsos de proteção, cujo o sintoma é o medo, não se fazem mais presentes atualmente. Por exemplo, dificilmente ao passar por uma área qualquer você será atacado por um dinossauro, um tigre ou algum animal selvagem. Então o medo que nos impede muitas vezes de explorar novas situações, lugares e formas de fazer algo pode estar ligado á um impulso de autopreservação que pode não ter mais sentido nos dias de hoje, e que, na verdade, hoje podem ser limitadores, nos impedindo de conquistar novos níveis de autonomia e realizações.


Vivemos em uma sociedade em que dedicamos pouco tempo para autoconhecimento, e muitas vezes pode ser visto como perda de tempo. Não nos conhecermos tem custado caro a nossa saciedade e possivelmente ainda seremos devorados** por algum tempo antes de percebermos a importância desta questão.


*À quem discorde de que somos diferentes dos demais organismos complexos.

** Alusão a inscrição encontrada na esfinge de Tebas: “Decifra-me ou te devoro”.

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João André Rodrigues
Psicoteraputa
crp.12/02261

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João André Rodrigues

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