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Raiva: usina de energia — o que você faz com a sua?

Foto do escritor: Dipaula Minotto da SilvaDipaula Minotto da Silva

De longe, a raiva é a emoção mais negada, mais rejeitada, mais escondida. Diariamente, nos atendimentos de psicoterapia, na sala de aula, nos trabalhos com grupos e nas relações de modo geral eu a vejo, ela está lá — mas apenas no “outro” (dizem).


Talvez, assim como eu, você tenha crescido entendendo que a raiva é um sentimento ruim. Ouvi muitas vezes “é feio sentir raiva”.


Talvez, você tenha sido encorajada/o, a expressar sua raiva, colocar os limites necessários.


Talvez, você tenha aprendido a gritar ou “meter a mão mesmo” se for preciso. A violência (que é uma forma de expressar a raiva — quem ofende/ agride o outro) é aprendida por reprodução — não se fala dela, porque, em geral, é a forma de expressão sem consciência ou reativa de autodefesa.


Há estas e tantas outras formas de representar e expressar esta emoção.

Minha pergunta é: o que você faz com sua raiva?

Uma representação da raiva (não regra única) é de que as meninas devam ser mais delicadas (o que inclui não expressar raiva) e os meninos ‘corajosos’ (e nem sempre há apoio para equilibrar a dose).


Resumindo, estimula-se a expressão da raiva de acordo com o gênero e somos uma sociedade que não lida bem com o sentimento de raiva.


Tenho uma coisa para contar, raiva não sai na urina. Não queimamos raiva como se fosse caloria — apesar da grande contribuição das atividades físicas para sua expressão – e não tem exame, remédio ou procedimento mecânico/químico que a elimine como se fosse celulite.

Não tem jeito — a raiva que sentimos (escolhendo sentir ou não) precisa ser expressa.


E quando não sabemos expressá-la? Por medo de parecer uma pessoa ruim ou por medo de perder o controle (os medos mais comuns diante do próprio sentimento de raiva).


RISCOS reais (quando não se aprende a lidar com a raiva):


1. Perder o controle: na ânsia de manter-se uma boa pessoa, negamos nossa humanidade — o risco é de explosão. Pessoas que explodem dizem — eu não me reconheci; não parecia eu; eu não queria ter feito ‘aquilo’. O nó aqui é deixar o famoso “balde encher”. Para evitar a explosão é preciso ter vazão.


2. Parecer ou ser má / mal: você realmente acha que é possível não sentir raiva? Neste caso, há alguma possibilidade de não expressar raiva? O que pode te fazer má / mal é usar a raiva de forma que não compactue com os valores que você quer nutrir. Sentir / expressar a raiva só te faz humana/o. A questão é o COMO.


🤷🏻‍♀️ O QUE FAZER? (isso não é receita)

1. Identifique / Reconheça a raiva — encare os seus sentimentos de frente: a raiva pode ser encarada como um termômetro que indica, como um sinal de alerta, que existe uma ameaça aos seus valores, crenças, costumes, sonhos. Ao sentir sua presença, preste atenção na sua mensagem. Negá-la NUNCA é uma boa estratégia;


2. Pense sobre a raiva: o que chamam de inteligência emocional mora aqui — e acho que é a parte mais desafiadora, consiste em se perguntar: eu sei que estou sentindo raiva, mas do que? Quais lugares e situações despertam essa raiva? Esse movimento pode ser um importante filtro — que nos aponta sobre uma ameaça irreal / alarme falso (o que cessa ou ameniza a raiva), ou nos alerta sobre uma ameaça de fato (e neste caso pode evidenciar a necessidade de usar a raiva);


3. Exercite a habilidade de sentir e expressar a sua raiva: ela pode ser combustível para criação e mobilização. Já vi gente que transformou a raiva num empreendimento, em medalha, música, história, escultura, entre outras possibilidades. Quando sua raiva está alinhada com seus valores, sonhos, desejos – você pode usar a raiva como uma boa fonte de energia. Para isso, você precisa reconhecê-la, avaliar sua fonte, afastar-se do convite a reproduzi-las das formas conhecidas não desejadas (que te fazem sentir-se má/mal ou a ponto de perder o controle). Tenha consciência do que você quer: que tipo de vida e de relações eu quero construir? É a partir desta noção que você alinhará o que deseja fazer com a sua raiva.

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João André Rodrigues
Psicoteraputa
crp.12/02261

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