
As borboletas são o que são e não se questionam o porquê de serem como são, enquanto lagartas se alimentam e esperam o momento de entrar no casulo, não, nem mesmo esperam, pois isso seria considerar uma intencionalidade. Elas, ainda lagartas, somente vivem e se colocam no casulo assim que sentem a necessidade de fazê-lo.
Conosco é diferente, pensamos, pensamos demasiadamente, buscando nossa intencionalidade e nossa pseudo certeza no ímpeto de realizar um ideal de nós mesmos.
Acreditamos estar sendo e fazendo o melhor de nós mesmos e damos ao mundo nossas criações esperando que o mundo nos reconheça e nos confira o status de real, ou pelo menos virtualmente real.
O que acontece é que não sabemos ser como as borboletas, criamos expectativas e essas ideias de como deveríamos ser, acontecer, sentir, querer e tudo mais.
Assim delegamos aos outros o sentido das coisas e nos colocamos a mercê das medidas de outros, que não tem a bússola interna adequada ao norte singular e particular, que pertence somente a mim mesmo, e você?
Você tem a sua bússola que mostra seu norte, que pode diferir de poucos graus a muitos e isso é o que nos faz diferentes.
Como então conciliar para podermos caminhar juntos?
É no respeito a própria singularidade, na habilidade de se colocar em primeiro plano sem deixar de considerar o outro, que reside o segredo da “felicidade”.
É caminhar ora à frente, ora ao lado e por vezes atrás, sem que isso implique em sentir-se maior, sozinho ou diminuído. Pois estar juntos não é pensar, sentir, querer o mesmo que os outros e sim um comprometimento, de que apesar de diferentes, nossos anseios, escolhemos estar onde e com quem estamos.
As borboletas não sorriem porque sua felicidade se realiza no bater de asas, no transformar-se de lagarta em borboleta, no bater de asas, no voo sob as flores, elas não tentam ser, elas simplesmente são!
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